A IGREJA CATÓLICA É A AUTÊNTICA IGREJA FUNDADA POR CRISTO E AINDA CONSTITUI O DEPÓSITO DE SEUS ENSINAMENTOS?

Para começo de conversa, se isso fosse uma realidade, um fato, não haveria ela sido o palco de inumeras discussões, dissidencias e rompimentos de seguidores no seu proprio seio.

Porque o criterio justo de Jesus e de sua mensagem teria sido mantido integralmente desde os primeiros tempos.

De pureza doutrinaria é que estou aqui me referindo, pureza esta mantida entre os primeiros cristãos, pouco tempo da partida de Jesus, estes sim, autenticos cristãos!

E onde estaria contida tal pureza da mensagem trazida por Jesus?

A fonte não poderia ser outra, senão a do proprio Evangelho quando lemos por exemplo o seguinte:

"Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim." (Mateus 25, v. 42-45)

Se outros interesses não tivessem sido introduzidos na Igreja Catolica durante os seculos, teria ela perdido o foco (tão bem exposto nesta passagem de Mateus) em relação à verdadeira proposta de Jesus?

É quase certo que não e assim tantas "barbaridades" em nome de um Deus de amor teriam sido evitadas.

Poderíamos até dizer em outros termos que a "culpa" de tantos erros (se é que assim podemos colocar a questão) não seria propriamente da Instituição, mas da IGNORÂNCIA e barbárie daquela época, ou das épocas subsequentes; porém ainda assim, poderíamos insistir no seguinte: mas quem faz a Instituição? Não seriam os mesmos homens, os mesmos individuos, faliveis como são? E o ponto em debate parmaneceria o mesmo.

Reiteramos:

"O verdadeiro absurdo – o grande absurdo que a Igreja Católica deveria ter evitado, foi a da prostração religiosa em que tantas e tantas mistificações, introduzidas no credo católico romano, têm feito afundar o mundo cristão.
Se fizéssemos uma estatística imparcial dos homens verdadeiramente filiados, por convicção, ao Catolicismo de Roma, que desengano sofreríamos!
Como pequeno ficaria seu número, descontados os indiferentes – os cépticos – os materialistas – os hipócritas – os fanáticos – os católicos de ofício – e os de conveniência!
E se dos restantes descontássemos ainda os que interiormente repelem alguns dos dogmas estabelecidos, seria de temer que a Igreja Romana ficasse reduzida a poucos milhares de adeptos."

E complemento: se a Igreja Catolica estivesse realmente com A Verdade, cépticos, materialistas, agnosticos, existiriam no mundo? A Verdade pregada, os exemplos manifestados através desta mesma Verdade, não seriam a "pedra de toque" para convencer e converter a todos?

Por que é sabido de todos que diante de uma Verdade, sendo esta real, se provada, demonstrada, sendo coerente e lógica com suas teses, não há convicção que não venha a se render.

Apesar da longevidade histórica e da complexidade teológica, as tradições católica e protestante, na prática, em nada diferem das seitas cristãs menores e mais agressivas, desprovidas de qualquer arcabouço teológico mais consistente. Isso porque o fundamento de umas e de outras é, pura e simplesmente, o mesmo: a crença de serem porta-vozes da absoluta mensagem de salvação. Todas, de modo mais sutil ou mais grosseiro, tentam multiplicar fiéis – "salvar almas", na linguagem dos tradicionalistas – apoiadas na presunção de ser, cada qual, a legítima depositária da mensagem inadiável do "Salvador".

Segundo estimativas feitas pelo estudioso Gordon Melton, editor da "Enciclopeida das Religiões Americanas", existem cerca de 40 a 60 mil diferentes religiões no mundo (ano base: 2005), sendo mais da metade delas variações do cristianismo. (POLOZZI, Victor. Religiões brotam e morrem aos milhares. Folha de S. Paulo, p. A85, 14.08.05)

Esse cálculo é comparável com a estimativa feita pelos pesquisadores britânicos Joanne O’Brien e Martin Palmer no Atlas das Religiões, segundo o qual existiriam (pasmem!) 33 800 seitas ditas "cristãs" espalhadas pelo Planeta – ano base: 2006 (O’BRIEN, J. & PALMER, M. O Atlas das Religiões: o mapeamento completo de todas as crenças, p.22)

Isso significa: que havia no início deste milênio pelo menos 33 mil diferentes INTERPRETAÇÕES da mensagem bíblica, pretensa revelação da "verdade única" e obrigatória a toda humanidade.

Seria isso a evidencia patente do "fracasso" da Igreja Catolica, que se considera "depositária dos verdadeiros ensinamentos de Jesus"? Ou o catolicismo nunca esteve "de posse" de coisa alguma?